01ago2010. Quando observamos os vencedores de uma das provas mais concorridas do mundo, muitas vezes não conhecemos os valores, as razões, os sacrifícios e se há merecimento de um ou de outro atleta que está a poucos segundos de diferença dos demais. Alberto Contador, que acaba de vencer pela terceira vez o Tour de France (2007, 2009 e 2010) e é um dos poucos ciclistas a vencer os três grandes torneios da Europa (Giro d'Itália, Vuelta de Espana e Tour de France), aprendeu com muito sofrimento a ser o número 1 do mundo.

Durante sua juventude, praticou futebol mas não recebeu apoio nenhum dos pais, que esforçavam-se em tempo integral para cuidar do irmão Raúl, com paralisia cerebral. As vivências familiares lhe ensinaram muito sobre dificuldades e a idéia de que as pessoas estão acima de tudo. Sua família também deu exemplo de como ter forças nos momentos mais difíceis. Ao praticar o ciclismo após as aulas da tarde, percebeu que teria que sacrificar os estudos para evoluir na carreira. Posteriormente abandonou o bacharelado para se dedicar por completo ao ciclismo.

Mas o pior momento veio em 2004 quando começou a sentir fortes convulsões. Foi diagnosticado cavernoma cerebral congênito e Contador passou por cirurgias para extirpar alguns capilares. Novamente a família lhe deu forças, sempre enviando mensagens de ânimo: "Não se preocupe, filho, pois QUERER É PODER", sempre repetiam. Após vencer o Tour de France, Contador revelou que, sem dúvida, superar os aneurismas foi maior do que qualquer montanha de categoria especial.

"Isso me fez amadurecer muito. (...) tanto o ciclismo como a vida dependem de muitas coisas. E naquele momento o importante era recuperar minha vida normal e logo o ciclismo era secundário. Graças a Deus tudo saiu bem." Revelou o campeão que usa uma medalha da Virgem de Soterraño para lembrar e "apoiá-lo" nos momentos felizes e nos amargos.